Cena saudável, Profissionais férteis

Salomão
Gigloop Blog
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3 min readSep 11, 2017

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Com a união de forças nos decks, chegamos a denominadores mais do que comuns, também satisfatórios e frutíferos

foto: Jamie Jones e The Martinez Brothers

Comece.

O difícil é começar. A cena em qualquer lugar tem muitos vícios e problemáticas a serem tratados. São sintomas que passam de geração em geração erroneamente e que são calcificados num corpo duro e cria-se a insuficiência do ato dos rumos tomados por uma cena.
As convicções de muitos são o que outros tantos buscam ter e não conseguem entrar em um meio termo. Hoje, ao invés de pensar com coletividade, os núcleos preferem fazer vista grossa para com o próximo de bpm mais baixo ou diferente, e isso reflete diretamente para os formadores da pista.

A verdade absoluta nunca existiu quando tratamos de música eletrônica, pois estamos falando de um gênero musical no qual é fluido desde seu nascimento no início dos anos 70. No entanto, existem alguns resistentes que ainda insistem em fechar esse cerco para quem toca/é do House, ou pelo Techno ou até mesmo difere de equipamentos para performance e afins. O buraco é mais raso e é a partir dele que começamos a evoluir. A ideia de coletividade com o campo atual em que vivemos é o ‘corporativismo relativo’, onde você só trabalha com profissionais que seu núcleo se agrada, formando coletivos vazios e desórbitais.
A liberdade de amarras se dá a partir do compartilhamento de conteúdo acessível e interessante a todos. Quando se tem restrição em um certo assunto ou ideia, tende-se a segregação automática de um certo grupo de pessoas as quais não estariam tendo a devida atenção necessária por todos.

Quando passamos a olhar pela borda do buraco onde estamos, as coisas ficam mais claras no nosso entendimento. O olhar não tem que vir de cima pra baixo, ou de baixo pra cima em âmbito de superioridade. Os níveis são iguais e devem caminhar para um mesmo destino juntos.

foto: ADE 2015

Compartilhar para evoluir

A principal chave para a harmonia entre os braços que formam o universo da música eletrônica no mundo é o conhecimento e a acessibilidade do mesmo. Essa é a intenção dos encontros que acontecem pelo Brasil e no mundo em diversas épocas do ano, tais como as convenções nacional/latam e global da Rio Music Conference, as rodas de conversa extremamente necessárias da DJ Ban; Os encontrões da Yellow em Curitiba e dentre outros menores como a que eu faço parte, a COOLLAB que acontece em Goiânia e vai para a sua segunda edição agora em Setembro, visando reunir os profissionais da música eletrônica do Centro-Oeste, dentre Brasília, os ‘Mato-Grossos’ e Goiás como um todo.

Esses pequenos (outros nem tanto) pontos de luz são sal numa terra infértil ainda, mas tem feito bastante movimentação no cenário nacional. Lugares e momentos como esses dão uma melhor visão e vasão para quem está querendo iniciar nessa jornada e impressiona muitos veteranos que até então desconheciam essa possibilidade de união vinda por novas cabeças do mercado. O que também se deve alertar é o fato de isso tudo que estamos usufruindo hoje foi galgado por outros pés e que também esperam frutos igualmente para que a mensagem não caia e seja esquecida paulatinamente.

Sem amarras

Você do Techno, ou você do Bass ou até mesmo você do Funk tem que passar a entender que tudo o que você ouve ao seu redor é eletronicamente produzido. Desde o primeiro beat até a fase de mix e mastering. Cada projeto, camada ou pre-set, tudo é eletrônico. Então porque a diferença? O desconhecido gera preconceitos que devem ser quebrados com esse livre acesso de tudo a todos.
Fica mais fácil quando isso entra com clareza é devidamente aproveitado. Entenda que absorver conhecimento e dar acessibilidade àquilo que você recebeu, é um dos princípios para começarmos a nossa evolução efetivamente. As novas gerações e as que já estão fazendo, caminham com mais fervor ao olhar para o lado e não ver uma competição desenfreada e desleal.

A pista e as cabines precisam de mais mãos dadas e menos testas franzidas.

Participe da próxima edição do COOLLAB

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